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Araçagi, PB, Brazil
Uma mulher fascinada por conhecimento.Amante da vida,dos livros,dos meus,das letras,suas entrelinhas;Autêntica virginiana,Professora de Línguas e Especialista em Língua,Linguagem e Ensino.

domingo, 6 de junho de 2010

Precisão e Adequação Vocabular

Dúvidas nossa do dia-a-dia!!
Confira essas dicas para não titubear na hora de escrever:Alinhar à esquerda

ACABA COM ou ACABA EM?

A frase é: “Sequestro acaba com dois mortos e três feridos.”
Melhor seria: “Sequestro acaba em dois mortos e três feridos.”
“Acabar com dois mortos e três feridos” é confuso e paradoxal. Que significa “acabar com dois mortos”? E “acabar com três feridos” significa execução e morte? O fato é que, quando o sequestro acabou, havia dois mortos e três feridos. A confusão se deve a dois “culpados”: o “ambíguo” verbo acabar e a preposição “com” indevidamente usada em lugar de “em”.
Cuidado com o excessivo uso do verbo tirar. Hoje em dia, tiramos título de eleitor, tiramos pressão, tiramos impressões digitais… Se continuar assim, em breve não teremos mais nada!!! Ora, na verdade, nós só tiramos o título de eleitor da gaveta quando vamos votar. Quando alguém não tem o título de eleitor, em vez de tirar, é melhor solicitar sua confecção no órgão competente. Quanto à pressão, é melhor medi-la. Se “tirar a pressão”, você corre o risco de morrer. E, por fim, tirar as impressões digitais certamente causará muita dor!!!

PRECISAMENTE ENTRE ou ENTRE?

A frase é: “Os assaltos aconteceram precisamente entre as 18h e as 20h.”
O adequado é: “Os assaltos aconteceram entre as 18h e as 20h.”
O advérbio precisamente significa “com precisão”. Só podemos utilizá-lo quando se quer precisar algo, quando é necessário determinar a hora com exatidão. Se a ideia não for precisa, podemos usar o advérbio aproximadamente ou expressões do tipo “por volta de”, “em torno de”: “O assalto aconteceu aproximadamente às 18h”.
Por outro lado, também é inadequado usar o advérbio aproximadamente quando o número for preciso: “Compareceram ao encontro aproximadamente 453 pessoas” ou “A reunião começou aproximadamente às 15h17min.” Agora sim poderíamos usar os advérbios precisamente ou exatamente: “Compareceram ao encontro precisamente 453 pessoas” e “A reunião começou exatamente às 15h17min.

A PARTIR DE ou DESDE?

A frase é: “Ele é nosso empregado a partir de janeiro de 1996.”
O correto é: “Ele é nosso empregado desde janeiro de 1996.”
Não devemos usar a expressão “a partir de” quando a referência for a tempo passado. Para isso, temos a preposição “desde”: “Ele está morando no Rio de Janeiro desde 1973”. Só usaremos a expressão “a partir de” se a referência for a tempo presente ou a tempo futuro: “O contrato está valendo a partir de hoje”; “Ele será nosso empregado a partir do próximo mês”.
Um grande empresário teria começado sua fala assim: “Desde que sou pequeno…” Isso só seria possível se alguém, depois de ser grande, foi decrescendo, até ficar pequeno… Talvez um gigante que tenha ficado anão!!! É lógico que o nosso humilde empresário se referia ao desempenho econômico da sua empresa, que já tinha sido uma grande potência, mas agora se tornou pequena no mercado.

JUSTAMENTE ou PRECISAMENTE?

A frase é: “A bomba caiu justamente no Hospital da Cruz Vermelha.”
É mais adequado: “A bomba caiu precisamente no Hospital da Cruz Vermelha.”
Não é uma questão de certo ou errado. O advérbio justamente pode significar “precisamente, exatamente”, mas pode provocar mal-entendidos, pois pode significar também “com justiça”. É claro que não era a intenção de quem escreveu a frase. É óbvio que ele não queria dizer que foi justo a bomba cair no hospital, que a queda da bomba tenha feito justiça. Em razão disso, em situações como essa, o melhor é evitar o advérbio justamente e usar precisamente ou exatamente.
Frases ambíguas são sempre perigosas. Imagine o seguinte comentário a seu respeito: “Você foi justamente substituído pelo seu maior inimigo”. Observe que a frase admite duas interpretações: que você foi substituído precisamente pelo seu maior inimigo ou que você foi substituído com justiça pelo seu maior inimigo. Não sei o que é pior.

TERMINAR ou ACABAR?

A frase é: “O diretor terminou de chegar para a reunião das 10h.”
É melhor: “O diretor acabou de chegar para a reunião das 10h.”
Devemos evitar o uso do verbo terminar mais infinitivo. Em vez de “terminou de chegar”, é melhor “acabou de chegar”; em vez de “terminou de escrever um livro”, é preferível “acabou de escrever um livro”.
O verbo acabar também merece uma observação. Devemos evitar o uso do verbo acabar com os verbos começar, iniciar, terminar ou com o próprio verbo acabar. Observe que construções estranhas: “O jogo acabou de começar”; “O filme acabou de terminar”. Pior ainda é a aula que “acabou de acabar”.

CUSTAS ou CUSTO?

A frase é: “Recebeu uma ajuda de custas.”
O certo é: “Recebeu ajuda de custo.”
Toda ajuda é de custo. Você pode receber uma ajuda para pagar as custas de um processo, mas não existe “ajuda de custas”.
Qual é forma correta? “Ele vive às custas do pai ou Ele vive à custa do pai”? Embora seja usual e alguns autores já aceitem, a locução prepositiva “às custas de” deve ser evitada. É preferível seguir a tradição: “Ele vive à custa do pai”.

CERCA DE ou ???

A frase é: “Respondeu a cerca de 43 perguntas.”
O adequado é: “Respondeu a 43 perguntas.”
Não devemos usar “cerca de” para números exatos ou quebrados. Foram “precisamente ou exatamente 43 perguntas”. Só podemos usar “cerca de, por volta de, em torno de, aproximadamente” com números redondos: “Respondeu a cerca de cem perguntas”; “Eram em torno de 500 candidatos”; “Estavam presentes aproximadamente dez mil manifestantes”.
Devemos tomar muito cuidado com os números. Comparações exageradas podem prejudicar a clareza da frase: “Com o dinheiro do prêmio daria para comprar 350 escritórios na Avenida Paulista”. Confesso que imagino ser muito dinheiro, mas não tenho ideia da quantia. Você saberia me dizer se um apartamento onde coubessem dez milhões de caixinhas de fósforo é grande ou pequeno. Nem eu.

CHANCE ou RISCO?

A frase é: “A chance de ele ser condenado é enorme.”
O adequado é: “O risco de ele ser condenado é enorme.”

Não devemos usar “chance” para coisas negativas. Chance e oportunidade são palavras de carga positiva: “Ele tem a chance de ser absolvido”; “Finalmente, eles têm a oportunidade de serem os campeões”. Para coisas negativas, a palavra “risco” é mais apropriada.

Outra palavra de carga negativa é o verbo “tachar”. Você já viu alguém ser “tachado” de herói, de craque ou de inteligente? É óbvio que não. Quando alguém é tachado, pode esperar coisa ruim: “tachado de corrupto, de burro, de perna de pau, de ladrão…”

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